quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A Marcha dos Pinguins - Cine Clube Lorena

Durante o mês de agosto foi feita uma seleção de 3 filmes com o tema "A figura paterna no cinema",  e os alunos de Biologia foram convidados a assistir "A Marcha dos Pinguins" que foi apresentado no dia 26/08/2011 no Cine Clube Lorena, que fica na Fatea. Veja abaixo uma resenha e o trailer:
Obs: Meu comentário está apenas no final.



O documentário "A marcha dos pinguins" possui duas versões: a original francesa, narrada pelos autores Charles Berling, Romane Bohringer e Jules Sitruk (que fazem as "vozes" do casal central e seu filhote, respectivamente), e a versão norte-americana, que dispensa os comentários dos pinguins e é narrado por Morgan Freeman. Freeman gravou sua narração em apenas um dia. A versão dublada em português conta com as vozes de Patrícia Pilar, Antônio Fagundes e Matheus Perissé.

Lançado em 2006, sendo indicado ao prêmio César de melhor filme vencendo o Oscar de melhor, documentário, "A marcha dos pinguins" conta o ciclo de vida dos pinguins imperadores no desértico gelo da Antártica, desde a busca do companheiro ideal até a preparação dos filhotes para a vida adulta. Interessantemente, entre os pinguins imperadores há uma inversão de papéis entre os machos e fêmeas: que a fêmea deixa o ovo para ser chocado pelo macho, enquanto vai ao mar em busca de alimento. A fêmea regressa entre a altura do nascimento da cria e até dez dias depois. Dentre as centenas de outros pinguins machos, a fêmea encontra o seu par por meio do seu chamamento vocal, passando ela a tomar conta da cria.

Cinematograficamente falando, o documentário é esplêndido. Belíssimas e delicadas imagens, tratadas com aprumado esmero e atentas a todos os detalhes, seja dos gestos dos pinguins, seja da paisagem desértica da Antártica. Cabe lembrare que Jacquet, com o auxílio dos seus dois diretores de fotografia (os franceses Laurente Chalet e Jérôme Maison), filmou em condições bastante adversas, sob intensas nevascas e temperaturas que chegavam a -40°C. Acompanhando a beleza das imagens está uma brilhante edição de som e uma magnífica trilha sonora comandada pela cantora francesa Émilie Simon, que inclusivce ganhou o prêmio César de melhor Trilha Sonora Original de 2006.


Em um cenário de gelo desértico, surge uma bela história da natureza que se repete há milênios e da qual depende a manutenção da espécie: a marcha de milhares de pingüins imperadores em busca do par perfeito. Todo ano milhares de machos e fêmeas se reúnem no deserto da Antártica para um breve período de namoro e fecundação. Durante a chocagem dos ovos e nos primeiros meses de vida do filhote, mãe e pai se revezam nos cuidados com o novo ser.

Por instinto, enfileirados aos montes, machos e fêmeas deixam seu habitat natural em direção ao deserto gelado da Antártica em uma maratona de bravura e sobrevivência até realizar seu ritual de acasalamento. A fêmea deixa o ovo para ser chocado pelo macho, enquanto retorna para o mar em busca de alimento.

Meses se passam e os pingüins machos têm a árdua tarefa de aquecer e proteger o rebento, à espera do retorno de suas fêmeas. A nova família de pingüins terá que se reunir no prazo máximo de 48 horas para que o novo membro receba comida, caso contrário, não sobreviverá.

O reencontro com as fêmeas dá largada à corrida dos machos em direção às águas do Oceano Antártico, a marcha dos famintos. Caberá agora, às fêmeas, a tarefa de preparar os filhos para a vida adulta, até que possam se arriscar sozinhos no mar. Assim, o ciclo se fecha até chegada do próximo Outono.


Ao longo das últimas oito décadas, desde que Robert Flaherty (o `pai` do Documentário) lançou seu belíssimo Nanook do Norte, vários teóricos (entre eles, André Bazin) já discutiram sobre a natureza dos filmes documentais e suas técnicas narrativas – e um dos conceitos mais interessantes estabelecidos nestes debates diz respeito à maneira com que reagimos ao sermos apresentados aos universos retratados por estes projetos. Em outras palavras, encaramos os fatos documentados pela câmera como se estivéssemos acompanhando uma história fantasiosa qualquer – uma percepção que é ainda mais ressaltada pelas técnicas narrativas adotadas pelos documentaristas para prender a atenção do espectador (técnicas e estruturas que vêm da ficção). Desta forma, não é incorreto dizer que até mesmo os documentários podem – e devem - ser encarados também como filmes de "ficção".

"A marcha dos pinguins" retrata um processo absurdamente desgastante que foi refinado ao longo dos séculos com o propósito de proporcionar maior chance aos filhotes, já que, se estivessem muito próximos ao mar quando o verão (um termo relativo na Antártica) chegasse, certamente morreriam afogados ou seriam facilmente devorados pelos predadores. Assim, com seu andar desengonçado, os pinguins refazem a viagem anualmente, sendo capazes de encontrar seu destino mesmo com as constantes mudanças de paisagem que os cerca - e é impressionante perceber como a maioria consegue sobreviver a tantos obstáculos: alguns se perdem no caminho e morrem de frio e fome; outros são devorados pelos leões-marinhos; alguns ovos goram ao permanecerem sobre o gelo alguns segundos a mais do que o ideal, no momento em que as fêmeas os entregam aos machos; e, como se não bastasse, os filhotes recém-nascidos são perseguidos por outras aves.


Contando com dois diretores de fotografia, "A marcha dos pinguins" traz um cenário impressionante, com suas geleiras imensas e a sempre fascinante aurora austral – e o filme nos oferece vários planos gerais que se encarregam de ilustrar a vastidão daquele mundo, além de outros planos subaquáticos que contrapõem a lentidão terrestre dos animais à incrível agilidade que demonstram como nadadores. Além disso, o cineasta Luc Jacquet captura, em quadros mais fechados, detalhes surpreendentes e reveladores de todo o ritual, como o momento em que um pequeno pingüim começa a romper a casca do ovo sob a plumagem protetora do pai. Da mesma forma, a equipe responsável pela captação do som faz um trabalho admirável, superando os obstáculos impostos pelo ambiente hostil ao gravarem desde os passos dos pinguins no gelo até o triste canto de uma fêmea cujo filhote não resistiu ao frio.

Adotando uma locução imaginativa e envolvente, o filme utiliza as vozes de três atores (um homem, uma mulher e uma criança) que fornecem as informações necessárias sempre na primeira pessoa, assumindo o ponto de vista dos pingüins, o que aumenta o vínculo emocional entre o espectador e os animais (mas apenas nas versões francesa e brasileira; a americana, conservadora, emprega uma abordagem mais formal e traz apenas Morgan Freeman numa narração convencional). Em certo momento, por exemplo, ouvimos a voz infantil de um filhote explicando o que sente com relação às viagens empreendidas pelos pais: "Os adultos têm dois lados: o branco é bom, significa barrigas cheias chegando. Já o preto é ruim; são as barrigas vazias indo. Nós somos diferentes, somos completamente cinzas: estamos sempre com fome".



Se há uma falha em "A marcha dos pinguins", esta diz respeito à visão romantizada que o documentário oferece sobre o ritual anual destas aves atípicas, como se os animais fossem movidos por amor aos filhotes. Neste aspecto, o diretor Luc Jacquet comete o erro básico de antropomorfizar os pingüins, atribuindo a estes sentimentos que não se aplicam. Logo na primeira cena, assim que o narrados fala a primeira palavra como se fosse um dos pinguins à espera da "turma". As ações dos animais refletem simplesmente a luta pela sobrevivência da espécie e os mecanismos desenvolvidos para enfrentarem a Natureza.

Ao antropomorfizar os animais e inserir diálogos entre eles, o diretor optou por uma arriscada tentativa de atrair o público. Goste ou não, é isso que o torna diferente de um simples documentário. Se alguém reprovar a película, com certeza será este o motivo já que a parte técnica é impecável. A determinação em perpetuar a espécie é o tema central do filme e o diretor conduz o espectador a admirar cada vez mais os pingüins, animais de comportamento desconhecido da maioria da população mundial. Esse desconhecimento jogou a favor do francês que contou com a curiosidade do público em relação a espécie para garantir o sucesso. As belas paisagens do continente gelado contribuem para um espetáculo que excursiona o espectador ao fim do mundo de maneira encantadora.

Referências:

PS: Depois de digitar tudo isso, confesso que nunca senti tanta dor na minha mão. Pensei que nunca fosse acabar (risos).
Bom, mas essas são críticas retiradas de outras fontes, eu apenas SUPER RECOMENDO assistirem. O documentário é bonito, diferente e emocionante. Possui imagens espetaculares e o locução como se os pinguins estivessem "pensando/falando" é incrível, nos prende mais ainda, deixa tudo mais emocionante.
Vale a pena ver ;)
By: Hugo O. Silva

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