sábado, 1 de outubro de 2011

Variação genética protege rãs de fungo que dizima anfíbios

Quitridiomicose ameaça populações inteiras de rãs e sapos.
O 'alelo Q' mostra que algumas rãs se adaptaram para resistir à doença.



Cientistas norte-americanos descobriram uma variação genética que está relacionada à resistência dos anfíbios a uma doença chamada quitridiomicose. A descoberta é importante porque a doença, causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis, tem alta taxa de mortalidade e ameaça populações inteiras de rãs e sapos.


No estudo, os pesquisadores coletaram indivíduos de cinco populações diferentes de uma espécie chamada Lithobates yavapaiensis, uma rã nativa da América do Norte. Eles foram criados no laboratório e infectados com o fungo já na fase adulta.


Dos 99 animais que participaram do experimento, 14 sobreviveram. Essas rãs mais resistentes vinham de duas das cinco populações coletadas, sendo sete de cada. Para entender o que os protegeu da doença, os pesquisadores analisaram os genes de uma parte do genoma chamada complexo principal de histocompatibilidade (MHC, na sigla em inglês), que coordena a defesa do organismo.


Rã da espécie 'Lithobates yavapaiensis' em fase
jovem (Foto: Anna E. Savage / Cortesia)


Eles encontraram 33 alelos – formas de um mesmo gene – diferentes, o que é uma variedade grande. As rãs que tinham duas formas desse gene (heterozigóticas) sobreviveram na maior parte dos casos, enquanto as que tinham uma só forma (homozigóticas) morreram em quase todos os testes.


Além disso, um alelo específico, chamado alelo Q, só foi encontrado entre as rãs sobreviventes. Há indícios de que a evolução levou a essa forma do gene. Com isso, os pesquisadores têm esperança de que os anfíbios consigam se adaptar, desde que o habitat seja preservado.


“Esse é um caso em que mostramos a seleção e a adaptação para a resistência a essa doença em particular. A esperança é que possamos detectar esse sinal de resistência evoluída em outras espécies também”, afirmou Kelly Zamudio, professora da Universidade Cornell e coordenadora do laboratório que conduziu a pesquisa.


O estudo foi publicado pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).


Fonte: G1.com

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